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Quadrilha de miliciano Adriano da Nóbrega tinha lucro de quase R$ 2 milhões por mês


Operação do Ministério Público do Rio revelou detalhes da ação do grupo criminoso. MP da Bahia investiga a morte do Bope. Exclusivo: confira escutas e laudo inédito de investigação sobre a morte de Adriano da Nóbrega Uma investigação do Ministério Público do Rio revelou como a quadrilha do miliciano Adriano da Nóbrega se organizava, quanto faturava e como continuava tocando seus negócios criminosos mesmo depois da morte do ex-capitão do Bope. A investigação gerou uma operação para prender nove integrantes do bando. O principal alvo era a viúva dele, Júlia Lotufo, chefe da organização que geria o patrimônio e espólio de Adriano. Ela ainda está foragida. Júlia fazia a contabilidade da quadrilha do marido, que chegou a ter lucro de quase R$ 2 milhões por mês. Mas com a morte de Adriano, a fonte foi secando. “A gente não tem informação de onde ela está, nem se está morta ou viva”, diz o promotor Bruno Gangoni, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, o Gaeco. Muitos desses detalhes começaram a vir à tona quando Adriano ainda estava vivo, após a decretação da prisão do miliciano. Ele foi monitorado e, durante a investigação, parte da rede de apoio que usava para a fugir e para lavar o dinheiro foi revelada. Júlia e Adriano: ela fazia a contabilidade da quadrilha do marido Reprodução 'Adriano corta braço, corta perna' “A gente apurou que ele tinha pelo menos cinco cavalos de raça, cavalos diferenciados e centenas de cabeças de gado. E utilizava também esses animais para a lavagem de dinheiro”, explica o promotor Bruno Gangoni. A faceta violenta de Adriano da Nóbrega também apareceu nas investigações do MP. Em uma das escutas, dois homens próximos ao miliciano falam de dinheiro e como ele costumava agir. “Você fica falando o nome do cara aí não. 'Adriano corta braço, corta perna' falando o nome do cara! Aí, vou te falar, o papo dos caras é só papo de milhão, parceiro”, diz um homem ligado ao miliciano. Um outro homem, conhecido como Rodrigo, que também é policial, cuidava de negócios de agiotagem para Adriano e negociava passarinhos. “Onde tiver dindim, o papai se mete, querido. O que eu tenho de passarinho aqui vale mais que a minha casa. Tenho passarinho de 20 ou 30 mil só, meu amigo”, diz em uma conversa interceptada. Investigação sobre a morte Adriano da Nóbrega morreu no dia 9 de fevereiro de 2020 em um confronto com policiais na Bahia, e o Ministério Público daquele estado segue investigando as circunstâncias da morte dele. Uma operação envolvendo 70 policiais e um helicóptero foi montada para prender Adriano, que estava escondido na casa vazia de um vereador. Mas em vez de 70 policiais, só três o encontraram. Em vez de esperar reforços para cercar um criminoso superperigoso, eles decidiram ir em frente. O relato dos policiais é de que da varanda deram voz de prisão, Adriano não respondeu, eles forçaram a porta, Adriano atirou e eles revidaram e o mataram. Segundo a perícia, Adriano deu sete tiros contra os três policiais e, apesar de ser um exímio atirador, não acertou nenhum tiro. Por outro lado, os policiais mesmo não sabendo bem onde Adriano estava na casa atiraram e acertaram. Duas necrópsias foram feitas para analisar se a versão dos policiais batia com os vestígios observados no corpo de Adriano. Segundo um perito consultado pelo Fantástico, em três aspectos a versão dos policiais não casa com o observado nas perícias. “Há um disparo que entra tangencialmente pela lateral do tórax do abdômen, segue o trajeto sai daqui e reentra no corpo e é um tiro absolutamente que a vítima provavelmente já estava deitada. Isso precisa ser esclarecido. Esse tiro, deveria entrar e sair numa posição paralela ao solo que é a posição de tiro”, diz o perito Nelson Massini. O perito também fala sobre a falta de vestígios nas mãos do miliciano, que deu sete tiros durante o confronto. “Muito pouco provável. Foi feito um exame não apropriado que é um exame químico para verificação do resíduo de pólvora e não se usa mais. Hoje o exame é apropriado é uma microscopia de varredura. Isso fala a favor de que ele não atirou a princípio, mas é preciso justificar o porquê dessa negatividade”, diz. O perito também fala sobre lesões sérias que o corpo de Adriano tinha na região da cabeça. Segundo ele, elas tiveram reação vital, e teriam ocorrido enquanto o miliciano estava vivo e que não foram explicadas também. “Em que momento isso foi feito? Porque assim, você teve a oportunidade de se aproximar dele e dar essas pancadas na cabeça porque não prendê-lo, não é?”, diz. A Secretaria de Segurança da Bahia disse em nota que não recebeu os novos questionamentos feitos pelo Ministério Público do estado. O MP da Bahia, também em nota, reiterou que já enviou as perguntas sobre o laudo de necrópsia. A Secretaria de Segurança da Bahia não comentou a ação dos policiais militares que resultou na morte de Adriano da Nóbrega. A defesa de Júlia Lotufo, viúva de Adriano, disse que apresentou ao poder judiciário fatos que foram omitidos na investigação e que demonstram "a fantasia que se configura a acusação". VÍDEOS: os mais vistos do Rio nos últimos 7 dias

source https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2021/03/28/quadrilha-de-miliciano-adriano-da-nobrega-tinha-lucro-de-quase-r-2-milhoes-por-mes.ghtml

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