Familiares de Bruno e Yan Barros estão sendo ouvidos, assim como funcionários do estabelecimento e testemunhas. Até este sábado (1º), ninguém havia sido preso pelo crime. Polícia comenta mortes de tio e sobrinho suspeitos de roubar carne em mercado de Salvador A delegada Andréa Ribeiro, diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), disse, neste sábado (1º), que imagens de câmeras de segurança do supermercado Atakarejo, no bairro de Amaralina, em Salvador, estão sendo analisadas. Dois homens foram torturados e mortos após roubarem carnes no local. Testemunha diz que viu sobrinho e tio serem entregues a homens armados Áudios: homem que furtou carne com sobrinho pedia R$ 700 para ser 'solto' Amiga de morto após furto diz que ele sabia que seria entregue para morrer 'Minha filha chama por ele e não sei o que dizer', diz companheira de homem morto Familiares e amigos de Bruno Barros, 29 anos, e Yan Barros, 19, denunciam que os seguranças do estabelecimento entregaram os dois, que são tio e sobrinho, a traficantes do bairro do Nordeste de Amaralina depois do crime, na última segunda-feira (26). Uma testemunha presenciou a situação. Segundo a delegada, familiares das vítimas estão sendo ouvidas, assim como funcionários do estabelecimento e testemunhas. Até a publicação desta reportagem, ninguém havia sido preso. "O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa investiga o duplo homicídio de Bruno e Yan, ocorridos nesta capital no bairro da Polêmica. Várias diligências estão sendo realizadas para elucidar o crime, como oitivas de familiares, funcionários do estabelecimento e testemunhas. Imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas e recursos de inteligência também estão sendo empregados para elucidar o crime com maior brevidade em todas as suas nuances", disse ela. 'Meu filho morreu com fome' VÍDEO: "Por que não chamaram a polícia?", questiona mãe de diz mãe de homem morto após furtar carne A dona de casa Dionésia Pereira Barros, mãe de Bruno e avó de Yan, chegou a passar mal durante um protesto organizado pela família, na sexta-feira (30). “Matar meu filho, o que foi que meu filho fez? Meu filho morreu com fome porque não teve coragem de me pedir comida, ele não morava comigo, não. As meninas estão aí de testemunha. 'Tia, estou com fome'. 'Vai pedir a sua mãe'. Porque ele não era de comer assim, sabe?", contou a dona de casa. Dionésia durante o protesto feito na sexta-feira (30), em Fazenda Coutos Diego Barreto / G1 BA “Eu estou passando muito mal, mas eu vou falar. Eu quero perguntar a eles, minha filha, se eles viram alguma escopeta lá junto daquelas carnes. Eu sei que meus filhos erraram, mas eles não eram Deus para entregar meu filho para morte. O segurança do mercado deu meu filho para morte, deu de bandeja para o Satanás”, disse Dionésia Barros. A família de Bruno e Yan conta que os dois foram entregues por seguranças do supermercado Atakarejo para traficantes após serem flagrados roubando quatro pacotes de carne. Uma testemunha, que presenciou o fato, contou à TV Bahia, que viu a dupla ser entregue a homens armados no estacionamento do estabelecimento. “Eu estou passando muito mal, mas eu vou falar. Eu quero perguntar a eles, minha filha, se eles viram alguma escopeta lá junto daquelas carnes. Eu sei que meus filhos erraram, mas eles não eram Deus para entregar meu filho para morte. O segurança do mercado deu meu filho para a morte, deu de bandeja para o Satanás”, disse Dionésia Barros. Tio e sobrinho foram mortos após terem furtado carne em supermercado Arquivo pessoal A família dos dois homens relata que um deles enviou áudios pedindo dinheiro para pagar carnes que eles teriam furtado de um supermercado. Com o dinheiro, ele pagaria os quatro pacotes de carne de charque que, juntos, custavam R$ 755,60. No supermercado Atakarejo, onde ocorreu o caso, cada pacote com 5 kg custa R$ 188,90. 'Não dava para reconhecer a cara do meu filho' VÍDEO: "Não dava nem para reconhecer a cara do meu filho", diz mãe de homem morto após furtar carne Elaine Costa Silva, mãe de Yan Barros, conta que o filho e Bruno foram agredidos no supermercado. "Chegaram a ser agredidos pelos seguranças, tomaram um monte de bicuda [chute], depois ele [Yan Barros] fez uma ligação pelo WhatsApp, o meu filho chorava muito, chorava muito, disse que ele estava tomando muita porrada pelos seguranças", revelou. “Chegaram a falar que não ia ter mais chance mais. E aí foi que o tio dele ligou para a irmã de consideração dizendo: 'Já estou sendo entregue para os marginais'. Então eles já foram já entregando eles dois, então não deu a chance de meu filho ser julgado pela justiça”, disse Elaine Silva. Polícia da Bahia investiga assassinato de dois homens flagrados por seguranças de um hipermercado numa tentativa de furto Segundo ela, Bruno Barros chegou a pedir, por telefone, para que a família chamasse a polícia e que uma denúncia foi feita através do Disk Denúncia, mas os policiais não chegaram a tempo de evitar a morte dos rapazes. Familiares e amigos de mortos após furto em supermercado fazem protesto no bairro da Fazenda Coutos Diego Barreto / G1 BA “Bruno pediu para chamar a polícia e aí a irmã dele de consideração chamou, chegou a fazer a ligação, ligando para o Disk Denúncia, denunciando, entendeu? Chamando a polícia, que ele falava: 'Chame a polícia, irmã, chame a polícia, eu prefiro ser preso, eles vão me matar, eles vão me matar. Eles já estão me entregando já aos marginais, pelo estacionamento’, e aí eles entregaram meu filho”, contou. Entenda o caso Bruno e Ian Barros foram torturados e mortos a tiros após furtarem carnes em mercado Arquivo pessoal Na noite de segunda-feira (26), dois homens foram achados mortos na localidade da Polêmica, em Salvador. De acordo com a Polícia Civil, eles foram torturados e atingidos por disparos de arma de fogo. À época, a polícia informou que a motivação do crime estava relacionada ao tráfico de drogas. Um dia depois, na terça-feira (27), eles foram identificados como Bruno Barros e Yan Barros. Na quinta-feira (29), a mãe de Yan, Elaine Costa Silva, revelou que ele foi morto após ter sido flagrado pelos seguranças do supermercado Atakarejo por furtar carne no estabelecimento. Segundo ela, o tio de Yan, Bruno, que também foi morto, enviou áudios a uma amiga informando o que tinha acontecido e pedindo ajuda para não ser entregue aos traficantes do Nordeste de Amaralina. Na sexta-feira (30), parentes e amigos dos dois homens fizeram uma manifestação, na rua onde eles moravam, em Fazenda Coutos, e depois na frente do Atacadão Atakarejo, que fica no mesmo bairro. O grupo bloqueou a rua próximo à Base Comunitária da Polícia Militar pedindo justiça. Emocionada, a mãe de Bruno Barros, Dionésia Pereira, chegou a passar mal durante o ato. Depois, eles entraram no supermercado e com cartazes fizeram um protesto. Manifestantes protestam dentro de supermercado em Salvador após mortes de tio e sobrinho Por meio de nota, o Atakarejo informou que é cumpridor da legislação vigente, e atua rigorosamente comprometido com a obediência às normas legais, e que não compactua com qualquer ato em desacordo com a lei. Disse também que os fatos questionados envolvem segurança pública e que certamente serão investigados e conduzidos pela autoridade pública competente. Em nota, o Ministério Público da Bahia informou que ao tomar conhecimento do fato envolvendo Bruno Barros e Yan Barros, adotou as providências cabíveis nesta fase preliminar de apuração, autuando uma notícia de crime e encaminhando ao Núcleo do Júri da Capital. Já a Polícia Militar informou que a 40ª CIPM não foi acionada para atender a ocorrência. No entanto, assim que tomou conhecimento, por meio de populares, de que teria ocorrido de um possível furto no estabelecimento comercial no bairro de Amaralina, a unidade deslocou uma equipe até o local. Quando chegou, funcionários não confirmaram o fato. A Polícia Civil informou que algumas testemunhas foram ouvidas na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa e as investigações estão avançadas. Segundo o órgão, já há indicativo de autoria. As equipes da unidade realizam diligências e mais detalhes não podem ser divulgados para não interferir no andamento das apurações. Confira mais notícias do estado no G1 Bahia. Assista aos vídeos do G1 Bahia e TV Bahia Ouça o podcast 'Eu te explico' 🎙
source https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2021/05/01/delegada-que-apura-assassinato-de-homens-apos-furto-carne-em-mercado-na-ba-diz-que-cameras-de-seguranca-sao-analisadas.ghtml