Foi lá que na década de 1980 os paramilitares criaram um sistema criminoso que extorque dinheiro dos moradores, invade áreas de preservação ambiental e constrói prédios ilegais para aluguel e venda. O desabamento desta quinta-feira (3) aconteceu na região do Rio onde é forte a presença da milícia, e o poder público não consegue deter o avanço das construções ilegais. O desabamento do prédio nesta quinta-feira (3) no Rio de Janeiro aconteceu na região que é considerada o berço da milícia. Foi lá que na década de 1980 os paramilitares criaram um sistema criminoso que extorque dinheiro dos moradores, invade áreas de preservação ambiental e constrói prédios ilegais para aluguel e venda. Em 2019, dois prédios feitos pelos milicianos desabaram e deixaram 24 mortos perto do local da tragédia desta quinta-feira (3). Uma moradora conta que os milicianos agem na região sem ser incomodados: “A expansão tem corrido solta porque não tem nenhuma forma de fiscalização. A própria prefeitura não o faz. Quando a gente faz a denúncia para a prefeitura de que existe uma construção irregular e eles tomam conhecimento de que é área de milícia ou que é de miliciano, eles nem comparecem para fiscalizar”. Em seu terceiro mandato como prefeito do Rio, Eduardo Paes prometeu ação das autoridades contra a milícia em Rio das Pedras: “Nem milícia, nem traficante, nem delinquente se sobrepõe ao poder do Estado. Isso é falta de vergonha na cara das autoridades que permitiram que esse tipo de coisa acontecesse”, afirmou Paes. Segundo a Prefeitura do Rio, desde de janeiro já foram demolidas mais de 180 construções irregulares e foram emitidas mais de 150 notificações. Na manhã desta quinta (3), enquanto os bombeiros trabalhavam no resgate das vítimas soterradas no prédio que desabou, a negociação de imóveis ilegais em Rio das Pedras não parou. O repórter Chico Regueira conversou com uma mulher que se apresenta como corretora. Ela oferecia um apartamento para aluguel a menos de 3 quilômetros do local da tragédia. Repórter: “Quanto é que tá o aluguel dele?” Suposta corretora: “R$ 500” Repórter: “E tem registro?” Suposta corretora: “Por que que você quer saber?” Repórter: “Ele é daqueles prédios construídos pela milícia?” Suposta corretora: “Não, não” Repórter: “É legalizado? É invasão?” Suposta corretora: “Invasão não. É legalizado, tem papel” Repórter: “Tem papel da prefeitura?” Suposta corretora: “Eu não sei por que tu quer saber. Tá me entrevistando? É repórter?” O papel a que ela se refere na verdade não tem qualquer valor legal. Uma moradora, que prefere não se identificar, explica o porquê: “Aqui o documento é feito na associação de moradores. O documento do bairro inteiro funciona dessa forma, entendeu? Não tem escritura. A associação acaba também sendo controlada pela milícia. A associação é o escritório da milícia. Ela tá lá apenas para dar um ar de formalidade àquele ato criminoso que eles cometem”.
source https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/06/03/regiao-em-que-fica-predio-que-desabou-no-rio-e-considerada-o-berco-da-milicia.ghtml
source https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/06/03/regiao-em-que-fica-predio-que-desabou-no-rio-e-considerada-o-berco-da-milicia.ghtml