
Comunicado diz ainda que 'o Talibã precisa entender que não será reconhecido pela comunidade internacional se tomar o país à força' e que a Otan 'continua empenhada em apoiar uma solução política para o conflito'. Secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, discursa em cúpula em Bruxelas AP Photo/Francois Mori O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, informou em nota que o conselho do organismo está reunido nesta terça-feira (17) para discutir a crise no Afeganistão. “Continuamos a avaliar os desenvolvimentos no terreno e estamos em contato constante com as autoridades afegãs e o resto da comunidade internacional. Nosso objetivo continua sendo apoiar o governo e as forças de segurança afegãs tanto quanto possível. A segurança do nosso pessoal é primordial. A Otan manterá presença diplomática em Cabul e continuará a se ajustar conforme necessário”, informou a Otan em comunicado. Segundo Stoltenberg, “os aliados da Otan estão profundamente preocupados com os altos níveis de violência causados pela ofensiva do Talibã, incluindo ataques a civis, assassinatos seletivos e relatos de outros abusos graves dos direitos humanos”. O comunicado diz ainda que “o Talibã precisa entender que não será reconhecido pela comunidade internacional se tomar o país à força” e que a Otan “continua empenhada em apoiar uma solução política para o conflito”. ONU e vários países manifestam preocupação com o avanço do Talibã e temem nova onda de refugiados Líderes mundiais se manifestaram na segunda-feira (16) sobre a chegada do Talibã ao poder no Afeganistão, um dia depois de o grupo extremista tomar a capital, Cabul, e de o presidente Ashraf Ghani deixar o país. A preocupação com a retomada do terrorismo foi mencionada pelo presidente da França, Emmanuel Macron, e também pelo Conselho de Segurança da ONU, que se reuniu de forma emergencial. "A comunidade internacional deve se unir para garantir que o Afeganistão nunca mais seja usado como plataforma ou refúgio de organizações terroristas", disse o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres. Os 15 membros do Conselho emitiram uma declaração na qual pedem o fim imediato da violência e "uma solução pacífica por meio de um processo de reconciliação nacional liderado e pertencente aos afegãos" e com um novo governo "que seja unido, inclusivo e representativo, incluindo a participação plena, igual e significativa das mulheres". EUA Biden: 'Não podemos entrar numa guerra se os afegãos não querem lutar' O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reiterou que o país fez certo em retirar os militares americanos ainda em solo afegão. No pronunciamento, transmitido pela TV a partir da Casa Branca, ele reconheceu que o avanço do Talibã pegou de surpresa o governo americano. "Isso tudo realmente se desenrolou mais rápido do que pensávamos", admitiu Biden sobre o avanço Talibã. Mesmo assim, Biden defendeu a saída dos militares americanos e, indiretamente, criticou a falta de reação das forças oficiais afegãs diante da ofensiva Talibã. "Os EUA não podem participar e morrer em uma guerra em que nem o próprio Afeganistão está disposto a lutar", disse Biden. Dever da França Imagem retirada de vídeo do pronunciamento do presidente da França, Emmanuel Macron, sobre a tomada do poder no Afeganistão pelo Talibã, na segunda-feira (16) Christophe Archambault/AFP Segundo o presidente francês, grupos terroristas existentes naquele país tentarão se aproveitar da instabilidade deste momento. Macron negou, porém, a possibilidade de intervenção, mesmo dizendo que fará de tudo para que a “Rússia, os Estados Unidos e a Europa cooperem de maneira eficaz” na luta contra o terrorismo. Segundo ele, o Afeganistão “tem seu destino em suas mãos”. Em um discurso transmitido pela TV, Macron lembrou os 13 anos em que o Exército francês esteve no Afeganistão ao lado dos norte-americanos (entre 2001 e 2014), e disse que a França vai continuar a repatriar afegãos que trabalharam para o país durante esse período. Ele afirmou que cerca de 800 deles já teriam chegado ao país e que dois aviões e forças especiais continuam empenhados na retirada de mais pessoas. LEIA TAMBÉM: O que é o Talibã, grupo extremista que voltou ao poder no Afeganistão SANDRA COHEN: Como o Talibã quadruplicou sua arrecadação em 5 anos Multidão invade o aeroporto de Cabul; tumulto deixa mortos Após Talibã tomar o Afeganistão, Biden defende decisão de retirar militares americanos Quem é quem na estrutura do Talibã que tomou o poder no Afeganistão? Alemanha repatria 10 mil A primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, durante pronunciamento sobre a tomada do poder no Afeganistão pelo Talibã, na segunda-feira (16) Odd Andersen/Pool/AFP A primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, chamou a situação de “amarga, dramática e aterrorizante” e enfatizou que é preciso focar no resgate de estrangeiros e também de afegãos que ajudaram as forças aliadas da Otan. Ela disse ainda que esforços serão feitos para oferecer apoio e refúgio, especialmente para a equipe de apoio afegã que ajudou os militares alemães. A Alemanha deve repatriar 10 mil pessoas no total, incluindo mais de 2,5 mil afegãos que ajudaram as forças da OTAN durante o período de combate ao Talibã, além de advogados e militantes de direitos humanos. Merkel ressaltou também que é preciso garantir ajuda aos países vizinhos que devem receber muitos afegãos em fuga para evitar uma nova crise de refugiados. “Não devemos repetir o erro do passado quando não demos fundos suficientes para o ACNUR e outros programas de ajuda humanitária e as pessoas deixaram a Jordânia e o Líbano em direção à Europa”, lembrou. Reino Unido não consegue retirar todos Nesta segunda-feira, o secretário de Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, admitiu que “algumas pessoas não conseguirão sair”, ao dizer que o país não conseguirá retirar do país todos os seus aliados afegãos. Contendo as lágrimas, ele estimou que ainda existem 4 mil pessoas, entre britânicos e afegãos que prestaram serviços ao Reino Unido, como tradutores, por exemplo, que precisam ser retirados do Afeganistão, e disse que a expectativa é de que as forças britânicas consigam remover mil por dia. Ele acrescentou que alguns dos afegãos terão que fazer pedidos de asilo, possivelmente para outros países. Um porta-voz do premiê Boris Johnson negou que tenha havido falhas no sistema de inteligência, que subestimou o prazo para a retirada do pessoal, acreditando que a queda de Cabul levaria mais tempo. “Eu não descreveria dessa forma. Obviamente, trabalhamos em estreita colaboração com o governo anterior do Afeganistão para apoiá-lo em várias frentes diferentes e temos monitorado a situação de perto”, disse o porta-voz. "É evidente que o Talibã se moveu rapidamente por todo o país". No domingo, após o grupo extremista assumir o controle da capital Cabul, Johnson afirmou que nenhum país deverá reconhecer o Talibã como governo do Afeganistão. "Queremos uma posição unida entre os que pensam da mesma forma, o tanto quanto pudermos", disse, em um pronunciamento em vídeo. China e Rússia Nesta segunda, porém, a China afirmou que deseja manter “relações amistosas” com o Talibã. China e Afeganistão são países vizinhos e têm 76 km de fronteiras comum. A China "respeita o direito do povo afegão a decidir seu próprio destino e futuro e deseja seguir mantendo relações amistosas e de cooperação com o Afeganistão", afirmou à imprensa a porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying. Já o encarregado russo para o Afeganistão, Zamir Kabulov, afirmou nesta segunda-feira que o embaixador de seu país em Cabul se reunirá na terça-feira (17) com os talibãs e que a Rússia decidirá se reconhece ou não o governo do Talibã de acordo com as ações do grupo.
source https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/08/17/otan-se-diz-preocupada-com-ataques-a-civis-e-abusos-graves-dos-direitos-humanos.ghtml


