Pacotes misteriosos voltam a aparecer em praias da região Nordeste

Parece uma caixa, mas é um fardo de borracha crua, pesando em média 80 quilos. Pesquisadores do Projeto Tamar estão preocupados, porque pode ser mais uma ameaça às tartarugas marinhas. Um mistério está de volta ao litoral do Nordeste do Brasil Pacotes misteriosos voltaram a aparecer em praias da região Nordeste. As ondas trazem e deixam na areia. “Está aparecendo sempre, esse já é o segundo que vejo hoje”, diz o fisioterapeuta Obal Machado. Parece uma caixa, mas é um fardo de borracha crua, pesando em média 80 quilos. Esse é o mesmo material que tem aparecido em todo litoral do Nordeste com mais frequência nas últimas semanas. Isso tem preocupado os pesquisadores do Projeto Tamar porque essa pode ser mais uma ameaça às tartarugas marinhas. “Elas podem representar ameaça porque as tartarugas podem comer o plástico e morrer asfixiadas”, explica o biólogo Fábio Lira, do Projeto Tamar. Em Alagoas, já apareceram 30 fardos. Na Bahia, 100. Universidades federais dos dois estados estão investigando. Mas foi em Sergipe que os fardos aparecerem em maior número: 212 até agora. Tem ronda todo dia. “Eles trazem moluscos, crustáceos que podem cortar as pessoas se elas tentarem manipular. Por isso a gente orienta que não o faça”, conta Gilva Dias, diretor-presidente da Adema. Há dois anos, fardos muito parecidos como esses apareceram na região. E há registro ainda mais antigo: como o de uma foto de 1944. Pescadores do Ceará carregam material que estava em um navio alemão, afundado no Nordeste, durante a Segunda Guerra Mundial. Foi o que constatou o pesquisador Luis Ernesto Arruda, da Universidade Federal do Ceará. “Esse navio está afundado em águas muito profundas, quase 6 mil metros. Inclusive até o final de 2019 ele era o naufrágio mais profundo já visitado por um submarino, um robô, e estava no Guinness Book”, explicou. O governo de Sergipe informou que o material recolhido vai ser usado pela indústria como combustível. Ainda não se sabe ao certo a origem das novas aparições. Para os pesquisadores, o mais provável é que esta leva de fardos seja a mesma do navio afundado. Com o desgaste da embarcação, ventos e correntes marítimas mais fortes, eles vieram de novo parar nessas bandas. "Acabam trazendo o que está no mar, de uma praia para outra, a maré sobe leva ele para alto-mar, devolve, e ele fica viajando de uma praia para outra mesmo", disse o pesquisador Luis Ernesto Arruda. É a natureza dando seu jeito de jogar fora o que não lhe serve.

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