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Talibã surgiu como parte de grupos armados que lutavam contra ocupação da União Soviética

Com um inimigo comum, em meio à Guerra Fria, os Estados Unidos treinaram e deram equipamentos aos combatentes. Após a retirada das tropas soviéticas, o Talibã, que tem interpretação deturpada do Alcorão, se organizou e, em 1996, tomou o poder no Afeganistão. Talibã surgiu como parte de grupos armados que lutavam contra ocupação da União Soviética A história das civilizações está registrando um capítulo especialmente dramático neste momento. O retorno dos extremistas do grupo Talibã ao poder no Afeganistão é acompanhado com aflição em todo o planeta. E com o mais absoluto pavor dentro do território afegão. A ponto de cidadãos se agarrarem a um avião durante a decolagem, na tentativa de fugir de um regime reconhecidamente brutal. Mas para entender todo esse desespero, é preciso voltar 40 anos na história afegã. Os talibãs surgiram como parte de grupos armados que lutavam contra a ocupação de dez anos da União Soviética. Com um inimigo comum, em meio à Guerra Fria, os Estados Unidos treinaram e deram equipamentos aos combatentes, chamados de Mujahedin. Após a retirada das tropas soviéticas, o Talibã – ou “estudante” na língua local, “pachto” – se organizou. Em 1996, depois de uma campanha de dois anos de guerra contra o governo, o grupo entrou na capital Cabul, tomou o poder e declarou a criação de um emirado islâmico no Afeganistão. Mas a esperança de um período de paz e segurança, como o Talibã prometia, rapidamente deu lugar a opressão e ao medo. Homens tiveram que deixar a barba crescer. Mulheres foram forçadas a se cobrirem da cabeça aos pés e não podiam sair de casa sozinhas, muito menos trabalhar ou estudar. Televisão, música e qualquer ligação com o Ocidente eram proibidos, e quem descumprisse as novas leis islâmicas sofria amputações ou era executado em praça pública. O grupo, com uma interpretação deturpada do Alcorão, determinou a destruição de todos os símbolos que não fossem islâmicos, e chocaram o mundo com a implosão de estátuas milenares budistas. Patrimônios da humanidade viraram escombros. No mesmo ano, vieram os ataques de 11 de setembro de 2001, quando terroristas da Al-Qaeda atacaram as Torres Gêmeas e a sede do comando militar americano, e mataram quase três mil americanos. Menos de um mês depois, o então presidente George W. Bush lançou uma “guerra contra o terror” e invadiu o Afeganistão para buscar o líder do grupo, Osama Bin Laden, e para impedir que o Talibã continuasse a dar abrigo a terroristas. Em dezembro, os Estados Unidos e seus aliados derrubaram o Talibã do poder. “Graças aos nossos militares, aos aliados e à coragem dos combatentes afegãos, o regime do Talibã está chegando ao fim”, comemorou Bush. Vários líderes da Al-Qaeda e do Talibã fugiram para o Paquistão. E foi lá, quase dez anos depois, em maio de 2011, que os EUA, comandados pelo presidente Barack Obama, encontraram e mataram Bin Laden. Obama prometeu acabar com a guerra, mas decidiu enviar mais soldados e elevar o número de tropas no Afeganistão para mais de 100 mil. O sucessor, Donald Trump, também prometeu acabar com o que chamava de “guerra sem fim”. Depois de meses de negociações com o Talibã, em fevereiro de 2020, fechou um acordo de paz, que muitos apostavam que poderia colocar fim à guerra. O acordo previa a retirada total das tropas dos EUA se o Talibã cumprisse a promessa de reduzir a violência e rompesse os laços com grupos terroristas, mas o Talibã não cumpriu os termos do acordo. Pelo contrário, expandiu a presença no país. Mesmo assim, Trump reduziu o número de soldados de 15 mil para 2,5 mil. O prazo para a retirada total ficou para o próximo governo: 1º de maio deste ano. Também eleito com a promessa de retirar as tropas do país, o presidente Joe Biden anunciou em abril que todas as tropas voltariam para casa até o aniversário de 20 anos do 11 de setembro. “Eu sou o quarto presidente dos Estados Unidos que mantém a presença de tropas americanas no Afeganistão... Eu não vou passar essa responsabilidade a um quinto”, declarou Biden. Dois meses depois, em encontro com Joe Biden na Casa Branca, o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, disse que respeitava e apoiava a decisão de Biden, mas, recentemente, em discurso ao parlamento, Ghani culpou o que chamou de decisão “repentina” dos EUA de se retirar pela rápida deterioração da situação de segurança no país. Os três ocupantes da Casa Branca que sucederam o presidente que iniciou a Guerra do Afeganistão prometeram acabar com ela, como a maioria da população americana deseja. Mas, até agora, nenhum tinha assumido o risco com medo de que as forças afegãs não conseguissem sozinhas enfrentar o Talibã. Biden afirmou que os militares afegãos estavam prontos, treinados e equipados para proteger o país, e que a volta do Talibã não era inevitável. Biden desafiou publicamente até os serviços de inteligência americanos, que acreditavam que o Talibã poderia controlar o país em um ou três meses. Ele foi surpreendido com a velocidade da expansão dos extremistas. O que os EUA lutaram para impedir por 20 anos, aconteceu em pouco mais de uma semana. No dia 7 de agosto, o Talibã controlava apenas duas províncias do país. Agora, o grupo extremista controla praticamente todas 34 províncias e a capital.

source https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/08/16/taliba-surgiu-como-parte-de-grupos-armados-que-lutavam-contra-ocupacao-da-uniao-sovietica.ghtml

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