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Economistas contestam informações apresentadas na ONU por Bolsonaro

Analistas lamentam o uso pelo presidente de dados distorcidos ou incorretos. Economistas contestam informações apresentadas na ONU por Bolsonaro Economistas contestaram informações apresentadas na ONU pelo presidente Jair Bolsonaro. Na área econômica, analistas veem um Brasil muito diferente daquele que o presidente Jair Bolsonaro apresentou em seu discurso na ONU e lamentam o uso de dados distorcidos ou incorretos. Logo no início do discurso o presidente disse que "nosso banco de desenvolvimento era usado para financiar obras em países comunistas, sem garantias". Não é o que informa o próprio banco, hoje gerido por executivos de Bolsonaro. Levantamento do banco diz que desde 1998 o BNDES financiou empreendimentos brasileiros em pelo menos 15 países da América Latina e da África e todos os empréstimos tiveram garantias. Do total de pouco mais de US$ 10 bilhões emprestados, esses países já pagaram mais de US$ 12 bilhões, incluindo juros. Parcelas que Cuba, Venezuela e Moçambique ficaram devendo foram cobertas pelo seguro do Fundo Garantidor de Exportações. Bolsonaro disse que temos tudo o que o investidor procura: um grande mercado consumidor, excelentes atrativos, tradição e respeito a contratos e confiança no governo. Mas dados do último levantamento do Monitor de Tendências de Investimentos Globais, divulgados pela Unctad, órgão vinculado à ONU, mostram que os investimentos estrangeiros no Brasil despencaram 62% no ano passado. O Brasil caiu do 5º para o 11º lugar. Foi a queda mais intensa registrada pela América Latina e Caribe. O presidente atribuiu ao lockdown o que classificou como um legado de inflação, mas os economistas destacam que a inflação brasileira caiu muito no início da pandemia e disparou, segundo o IBGE, puxada pelo aumento de combustíveis, energia e alimentos. O dólar alto que alimenta aumento dos preços, segundo economistas, é fruto da crise política. “Durante o período do lockdown, pelo contrário, o que a gente viu foi inflação cair e cair muito. O aumento da inflação tem muito a ver com o comportamento do dólar e o comportamento do dólar, no Brasil, é um reflexo da incapacidade do governo avançar na pauta de reformas. Era para o real estar valendo muito mais e a inflação ser muito mais baixa”, disse Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Relações Internacionais do Banco Central. O presidente escolheu os dados de uma nova pesquisa do Caged, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, para destacar que em sete meses foram criados 1,8 milhão empregos, mas os dados do IBGE mostram que esses empregos formais ainda estão longe de compensar os mais de 14 milhões de desempregados no país. “A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, feita pelo IBGE, mostra uma situação bem mais delicada no mercado de trabalho. Nós tínhamos 94 milhões de pessoas empregadas; em junho deste ano, nós temos 88 milhões. Teve alguma recuperação, mas uma recuperação insuficiente para repor todos os empregos que foram perdidos ao longo da crise”, Alexandre Schwartsman. O presidente encerrou o discurso na ONU dizendo que na economia o Brasil tem um dos melhores desempenhos entre os países emergentes. Não é o que mostra um relatório do Fundo Monetário Internacional. Segundo o FMI, a economia brasileira encolheu 4,1% em 2020 contra a média mundial de 3,2%. As economias da África do Sul, da Índia e do México sofreram mais que a brasileira, mas países emergentes como a China, a Rússia e a Nigéria tiveram desempenhos melhores que o Brasil. No segundo trimestre deste ano, a economia brasileira cresceu apenas 0,1%. O país ficou na posição de número 38 num ranking com as 48 maiores economias do mundo, atrás de todos os países emergentes. Para o fechamento de 2021, o FMI prevê ainda crescimento do Brasil de 5,3%, também abaixo da média para os emergentes. Negar os problemas e não apontar soluções para o futuro do país e do mundo foi uma oportunidade perdida no discurso desta terça-feira (21), segundo os analistas. “O presidente não agiu como outros chefes de Estado, tanto do país como do resto do mundo, que aproveitaram aquele ambiente internacional, numa assembleia tão importante, para mostrar para o mundo a sua visão internacional, como ele enxerga os desafios do mundo. E assim por diante. Não. No mínimo, foi decepcionante. Para não dizer cheio de inverdades”, afirmou o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega.

source https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/09/21/economistas-contestam-informacoes-apresentadas-na-onu-por-bolsonaro.ghtml

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